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Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica. Um paradoxo não tem nexo, nem lógica, só contradição. Vou discutir nesse artigo a premissa de que as empresas fornecedoras de gases industriais são consumidoras intensivas de energia, o que justifica os altos preços dos seus produtos. Muitas indústrias como as siderúrgicas, de vidro, celulose, etc., são grandes consumidoras de gases industriais. Devido ao grande consumo por esse grupo de empresas, as empresas fornecedoras instalam sua unidade produtora dentro da unidade do cliente, chamada de planta onsite. Em contrapartida, a empresa consumidora fornece o terreno, as utilidades (água, ar de instrumento, etc.) e a energia elétrica para a empresa fornecedora de gases instalem suas fábricas. Como o ar atmosférico, matéria prima para a produção de oxigênio, nitrogênio e argônio, é um bem livre, a energia elétrica é o principal insumo para a produção desses produtos. Embora haja grande interesse por preços mais atrativos para os gases do ar, por parte das empresas consumidoras de gases, pouco se discute no sentido de promover ações concretas para comprometer as empresas produtora otimizem o consumo de energia elétrica e forneça o oxigênio, nitrogênio, argônio com preço justo. Quando a empresa consumidora concede a energia elétrica, não há grande interesse da empresa fornecedora de gases em racionalizar o seu uso. Há também os casos em que as empresas fornecedoras de gases compram a energia elétrica diretamente das concessionárias e/ou no mercado livre de energia. Neste caso, imediatamente repassam seus custos para seus clientes. Assim, as empresas produtoras de gases utilizam-se da premissa de que é energia-intensiva, aproveitando-se do fator “energia elétrica” como estratégia para manter os preços elevados e para fazer reajustes periódicos de preços. Para estas empresas, a redução do consumo de energia nem sempre será prioridade se conseguirem repassar o custo para seus clientes. Não é atoa que os gases industriais tenham reajustes recorrentes e sejam tão onerosos. É importante ressaltar que com uma série de precauções e ações preventivas durante a elaboração do contrato de fornecimento é possível alcançar uma redução expressiva no consumo de energia (pelo menos 10%) sem a necessidade de investimento de capital por parte da empresa consumidora. As empresas consumidoras que possuem plantas onsite precisam negociar ações concretas de seus fornecedores de gases que resultem na redução do consumo de energia elétrica e, consequentemente, a redução proporcional no preço dos produtos. Afinal de contas, o terreno, as utilidades e a energia elétrica não são bens livres. Dr. Ronaldo Santana Santos
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December 2019
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